Saudações, Presença !
Chegamos a Hong Kong e, portanto, conseguimos driblar a censura do governo chinês a todos os blogs do Blogspot. Segue o "Tirolês", que compus numa Xi´an repleta de neve.
Grande abraço aos amigos leitores !
# # #
Respirava o ar, repleto,
Da areia vinda do deserto,
Sorrindo, pleno,
Suando, incendiário –
Plenipotenciário.
Bebia sementes e comia guardanapos,
Draconiano em seus atos,
Os populares estupefatos,
Enquanto cantava tirolesas,
Matando baratas com piadas,
Abrindo um olho e fechando o outro
A velocidades estúpidas,
Cobrava e amava com a mesma destreza,
Defendendo a vida em jogos de mahjong
Na Shanghai dos anos 30,
Insólita natureza,
Jogava dominó sozinho
Com caroços idênticos de cerejas,
A padres reservava arrotos,
A mendigos soluços
“Que desejas?”
Indagava, hirsuto,
Fornecendo a própria resposta,
Unitário, resoluto,
Idílico, sádico, arenoso,
Quando se perdia em adjetivos,
Geográfico em suas pizzas à francesa,
Fazendo piadas, sempre,
Sempre à tirolesa.
(Xi´an, China, aos 9 de fevereiro de 2010)
24.2.10
17.2.10
Ancestrais
Posto aqui um belo poema que me foi enviado pelo marujo-errante Isaac , fruto da sua mais recente expedição pelo continente asiático.
ANCESTRAIS
Canto mesmerizante do vagar,
A estrada une pontos,
Desvela os ancestrais milionares;
O primeiro medo surgiu
Antes do advento da memória,
Há incontáveis séculos
Nadando em um mar revolto e –
No topo de cada uma das ondas insanas
A visão noturna de mil baleias,
Todas de olhos amarelos brilhantes,
Faróis no impenetrável da noite.
Em Tokyo infinitos insetos
Se apinham do lado direito
Da escada rolante;
As lágrimas traçando o primeiro caminho
No rosto cansado,
Defronte ao cânion rubro-dourado,
Nasceu o primogênito da paz pela força,
Do amargo-arsênico
Da dor pela palavra.
Polegar articulado, macaco moderno,
Navalha em punho
Faço a barba com a mão esquerda ligeiramente levantada,
Cacoete ainda
Da música do monolito negro
E choro gotas de unificação.
Em Beijing não há egos,
Estarreço diante do Grande Irmão;
Faça o quanto antes
As ansiosas contas
Com seu próprio passado.
Isaac Frederico (5 de fevereiro de 2010)
ANCESTRAIS
Canto mesmerizante do vagar,
A estrada une pontos,
Desvela os ancestrais milionares;
O primeiro medo surgiu
Antes do advento da memória,
Há incontáveis séculos
Nadando em um mar revolto e –
No topo de cada uma das ondas insanas
A visão noturna de mil baleias,
Todas de olhos amarelos brilhantes,
Faróis no impenetrável da noite.
Em Tokyo infinitos insetos
Se apinham do lado direito
Da escada rolante;
As lágrimas traçando o primeiro caminho
No rosto cansado,
Defronte ao cânion rubro-dourado,
Nasceu o primogênito da paz pela força,
Do amargo-arsênico
Da dor pela palavra.
Polegar articulado, macaco moderno,
Navalha em punho
Faço a barba com a mão esquerda ligeiramente levantada,
Cacoete ainda
Da música do monolito negro
E choro gotas de unificação.
Em Beijing não há egos,
Estarreço diante do Grande Irmão;
Faça o quanto antes
As ansiosas contas
Com seu próprio passado.
Isaac Frederico (5 de fevereiro de 2010)
11.2.10
O cobre das pombas
O sol não podia mais
comia a gordura rápida
do alto planeta inteiro
uma calculadora praguejava
seus salários que não davam conta
na mesma sombra
onde passarinhos de capuz
limpam um jardim antigo
cavadores se fantasiam
e correm tubos de uma névoa grossa
sob o chão macio
guardas e xamãs
brigam por tabaco
e seus olhos pintados
não veem o ninho de cobre
onde a videira canta seu mantra
pombas marcham sobre a grama
e os piolhos das penas
alimentam o terreno
eles são à prova de seus planos
e fazem desse barro branco
o palanque para seu silêncio
[03/02/2010, jardim da Casa de Rui Barbosa | Rio de Janeiro]
comia a gordura rápida
do alto planeta inteiro
uma calculadora praguejava
seus salários que não davam conta
na mesma sombra
onde passarinhos de capuz
limpam um jardim antigo
cavadores se fantasiam
e correm tubos de uma névoa grossa
sob o chão macio
guardas e xamãs
brigam por tabaco
e seus olhos pintados
não veem o ninho de cobre
onde a videira canta seu mantra
pombas marcham sobre a grama
e os piolhos das penas
alimentam o terreno
eles são à prova de seus planos
e fazem desse barro branco
o palanque para seu silêncio
[03/02/2010, jardim da Casa de Rui Barbosa | Rio de Janeiro]
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