25.12.13

Manuel Segalá


Nascido em Barcelona Manuel Segalá (1917- 1958) foi pintor, gravador, poeta e artista gráfico, deixou a Espanha durante o período da ditadura franquista, residiu na França e Itália e posteriormente na América do Sul, em 1954 veio para o Brasil e passou a morar no Rio de Janeiro.
Segalá confeccionou livros para bibliófilos que eram ilustrados e escritos à mão por ele mesmo.
Em 1955 criou a Editora Philobiblion e publicou o pequeno livro-revista de poesia A Sereia que foi por ele ilustrada, encadernada e impressa na sua prensa manual A Verônica. Pela Philobiblion também  editou cerca  de 40 outros livros, ilustrados com xilogravuras suas, entre estes, obras de Carlos Drummond, Cecília Meirelles, Kafka, William Blake e Manuel Bandeira.
“ Passada a surpresa de seu desaparecimento, sentimos o quanto essa figura se singularizou por traços com que, via de regra, ninguém se impõe à primeira vista no meio novo que elege para viver. Era despido de maneiras espalhafatosas e de expansões retóricas. De uma irreverência temperada de humour. Mas nos olhos ressaltados e tristes, no seu talhe de toureiro e na máscara de contemplativo – algo se exprimia que era um misto de revolta, doçura e gosto de viver. Com as próprias mãos ilustrou, imprimiu e distribuiu de graça A Sereia, um caderninho que (leia-se agora no imperfeito do indicativo) “não pretende, não espera nem pede nada. Quer apenas falar um pouco de poesia”.
Não chegaram a dez os números prometidos, porque o poeta morreu antes da hora, como antes da hora morrem sempre aqueles que amam a vida e de quem se pode esperar mais em benefício da vida.” (Aníbal M. Machado)




17.11.13

Projecto Multiplo














Exposição de Arte Impressa.

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Abertura dia 18 às 19h
de 18 à 23 de novembro de 2013

das 10h às 18h (segunda a sexta)
das 10n às 21h (sábado)

Centro Cultural São Paulo - CCSP
Rua Vergueiro 1000 - Paraíso - São Paulo-SP
(Piso 23 de Maio - Porão)


 Curadoria de Paula Borghi.

http://www.projectomultiplo.com/



5.11.13

Turnê


Feira de publicações
Sábado 09/11 das 14h às 22h e domingo 10/11 das 14h às 20h.
Largo das Artes | Rua Luiz de Camões 02, Centro - Rio de Janeiro.
 



2.11.13

vida-livro


na hora insone, a oração!,
que é balbuciar na pele
o erro alvo que me impele  
- livro de não-fique-são.

Por Carole B.

30.10.13

2º TMO


pela janela do meu leito
campo de futebol vazio
sem bolas nem meninos correndo
nada e ninguém
pela janela do meu leito
pássaro de peito amarelo
lista branca à cabeça
no bico um graveto
pela janela do meu leito
ninho para novos passarinhos
para novos passarinhos, ninho
e me deito

r. ponts, do livro colibrilhos & colibreus

13.10.13

A revolta (cibernética) do cedilha bêbado


Com o advento da era digital
Explodiu a sangrenta revolta gramatical
Do cê-cedilha!

Empolgado ficou pelo vislumbre promissor
De ter o rabinho torto ceifado do traseiro
(motivo de chacota entre as demais letras)
Com a ajuda das teclas.

E então começaram os rumores:

- Rebelou-se, o cê de cabaço !
Em linguagem gozadora, o circunflexo.

- Gente, o cedilha eletronificou !
Berrou a crase, "aterrorizada"

- Aliou-se ao computador !
Em voz fanha, o til.

E o cedilha inflama, seu discurso revolucionário:

- Prometo semear o terror !
Formosa e leve Graça
Mutar-se- à pra truculenta Gráca
Aço é Áco ! Praça é Práca !! Faça vira Fáca !!!
Eça, você vira o magnânimo Éca !
Há há há há há há !
Riu-se, desajeitado, grámatica afora...

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Isaac Frederico, abril de 2003, publicado no livreto Viver e Devir.

1.10.13

11.9.13

Fantoches da meia noite


O álbum de desenhos Fantoches da Meia Noite de Di Cavalcanti, editado em 1922 por Monteiro Lobato & Cia. Editores foi provavelmente o primeiro livro de artista publicado no Brasil. A obra rompe com a art noveau praticada pelo artista até então e aproxima-se da linguagem expressionista. O álbum de folhas soltas, formado por um conjunto de 16 pranchas e um encarte de apresentação escrito por Ribeiro Couto retrata os habitantes do submundo carioca, o universo boêmio e suas figuras típicas; bêbados, vigias, músicos e prostitutas. Figuras marginais da noite carioca do ínicio do século XX, época de reurbanização e grandes mudanças sociais na cidade. Os Fantoches da Meia Noite são o avesso da elite afrancesada da Belle Époque do Rio.
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Há exemplares do livro na Casa-Museu Guilherme de Alameida em São Paulo e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Também há um fac-símile no livro “Literatura em quadrinhos no Brasil” publicado pela Editora Nova Fronteira.















30.8.13

Adentro


Há uma intenção subterrânea
Naquilo que você não quer
Ou faz
Ou pensa que faz, deseja
E diz.

Pode ser deus
O subconsciente
O capeta
O instinto
Ou o devir.

Pode ser sua mãe
Um espírito desencarnado
O lado escuro da lua
O outro lado da moeda
Os demônios que um dia você há de enfrentar
Ou até um fiapo de loucura
Insinuando
Que chegou a hora
De resolver os abusos
As descargas que não foram dadas
Ou a paranóia que arrepia sua nuca
E nunca deixou você gozar.

E calma, amigo...
Tem mais.
Há mais andares abaixo
Das intenções mais subterrâneas
E por fim há a câmara do significado elementar
Essencial, simples e primeiro.
Necessário, absoluto e irredutível.
O uno indivisível, impensável e indizível.
Depois da morte e antes da vida
A preencher cada intervalo entre seja lá o que
For e de cujas portas só o tempo tem a chaves

É amigo
Fatalmente a busca um dia revela-se
E é nada além de tempo perdido.


Vinicius Perenha


Poesia integrante do livreto "Absinto", com poesias de Isaac Frederico e Vinicius Perenha, lançado pelo Presença em setembro de 2006.

26.8.13

Feira de publicações independentes


No próximo sábado dia 31, estaremos  em Belo Horizonte participando da feira de publicações independentes.

Abraços & beijos.
presença
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25.8.13

Ángelus!

..

Juan Ramón Jiménez
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Olha, Platero, quantas rosas caem por todos os lados: rosas
azuis, rosas brancas, sem cor... Se diria que o céu se desfaz
em rosas. Olha como me replenam de rosas o rosto, os om-
bros, as mãos... O que farei com tantas rosas?

Saberia você, talvez, de onde vem esta branda flora, que eu
não sei de onde vem, que enternece, cada dia, a paisagem,
e a deixa docemente rosada, branca e celeste – mais rosas,
mais rosas –, como um quadro de Frei Angélico, o que pin-
tava a glória de joelhos?

Das sete galerias do paraíso se acreditaria que atiram rosas
à terra. Igual a uma nevada morna e vagamente colorida, fi-
cam as rosas na torre, no telhado, nas árvores. Olha: a força
toda se faz, com seu adorno, delicada. Mais rosas, mais ro-
sas, mais rosas...


Do livro Poetas Hispânicos, Coleção Platero vol. 01.
Editora Cozinha Experimental. Tradução de Marcelo  Reis de Mello


18.8.13

Uns corpos são como flores

 ..............................LuLuis Cernuda

Uns corpos são como flores,
Outros como punhais,
Outros com fitas de água;
Mas todos, cedo ou tarde,
Serão queimaduras que em outros corpos se formem,
Convertendo por virtude do fogo, uma pedra num
..................homem.

Mas o homem se agita em todas as direções
Sonha com liberdades, compete com o vento,
Até que um dia a queimadura se apaga
Voltando a ser pedra no caminho do nada.

Eu, que não sou pedra, mas caminho
Que cruzam ao passar os pés desnudos,
Morro de amor por todos eles;
Dou-lhes meu corpo para que o pisem,
Ainda que os leve a uma ambição ou a uma nuvem,
Sem que nenhum compreenda
Que ambições ou nuvens
Não valem um amor que se entrega.


Do livro Poetas Hispânicos, Coleção Platero vol. 01.
Tradução de Marcelo  Reis de Mello

  

9.8.13

Breves desatinos


Zine  publicado em parceria com a Editora Cozinha Experimental que será lançado no próximo sábado na  PÃO DE FORMA, feira de arte impressa que reunirá livros, zines, publicações e produções editoriais independentes que dificilmente são encontradas dentro do circuito comercial.

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10 e 11 de agosto / 15 h às 22 h
Rua Martins Ferreira 22, Botafogo, Rio de Janeiro.
A entrada é franca. Traje de banho opcional.
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Abraços.






13.7.13

Julia Margaret Cameron


Começou a fotografar aos 48 anos após ganhar de presente uma máquina fotográfica de um de seus filhos. Sua vasta obra foi produzida  entre os anos de 1864 e 1875.
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                                         "Annie, my first success"
                                        
                                        O escritor Thomas Carlyle

        Alice Lidell ( para quem Lewis Carroll inventou e contou Alíce no país das maravilhas)

                                        Charles Darwin

                                        O poeta Henry Taylor



7.7.13

Tim Maia, Roberto Carlos e Rock and Roll, nos tempos dos Lps, k7 piratas e Locutores de Rádio.



Fui uma criança sem muito interesse por música, acho que o modesto acervo de discos dos meus pais também não contribuiu muito. Lembro de alguns desses discos; trilhas sonoras de novelas da rede globo, coletâneas internacionais de músicas românticas, Lps do José Augusto (que era o ídolo da minha mãe na sua juventude), alguns discos de sambas-enredos e outros do Tim Maia e Roberto Carlos, e estes dois são a herança musical que ficou. O gosto pelo Tim Maia só fez crescer de uns tempos pra cá, graças a era do download que me possibilitou entrar em contato com sua produção dos anos 70. Os Lps do meu pai eram da fase brega-romântica do Tim Maia (anos 80), toda vez que ele tomava umas a mais colocava esses discos no máximo e cantava junto os poucos versos que sabia, e para um moleque de uns sete anos não era a música mais interessante pra se ouvir.
A  audição mais atenta dos discos do Roberto Carlos se deu por volta dos 17 ou 18 anos, peguei os vinis que tinha em casa e coloquei no toca-discos procurando as músicas mais interessantes, fiz tudo isso depois de me certificar que não tinha ninguém por perto, naquela época ninguém poderia saber que eu andava ouvindo Roberto Carlos. Isso era imperdoável prum jovem rebelde, fã de Iggy Pop, Bob Dylan, The Clash e Neil Young. Até a primeira metade dos anos 70 Roberto Carlos produziu muita coisa boa, depois infelizmente acabou virando uma espécie de Julio Iglesias brasileiro, abandonou seu visual cigano-hippie, com seus cordões, jaquetas e cachimbos e resolveu cantar pras gordinhas, baixinhas, míopes e nossa senhora, e há décadas só faz lançar os mesmos discos e especiais de fim de ano pra cumprir contratos.
Mas Roberto Carlos e Tim Maia não me despertaram interesse na infância, foram descobertas posteriores. Lembro da primeira música que prendeu minha atenção quando criança. Estava tocando no 3 em 1 prateado da marca aiko que tínhamos em casa, era uma tarde na Ilha do Governador na década de 80, fiquei ali prestando atenção naquela melodia e na história que a letra contava. Fiquei esperando a música terminar com papel e caneta nas mãos e assim que o locutor anunciou de quem era aquela canção anotei no papel; Eduardo e Mônica da Legião Urbana. Então era essa a tal banda que o Geovane tanto falava. Geovane era um amigo do primário que dizia pra todos que sua banda preferida era a Legião Urbana, acho que todo moleque nos anos 80 que tivesse um irmão mais velho devia gostar da Legião, o Geovane tinha um irmão mais velho que curtia a banda, como eu não tinha irmãos e nem o hábito de ouvir rádio demorei um pouco pra conhecê-los. Ainda levei algum tempo pra entrar em contato com os álbuns da banda, foi por volta do 14 anos quando comprei no camelô umas fitinhas k-7 piratas, numa dessas promoções de três por não sei quanto, foram duas fitas da Legião e uma do Raul, e essa foi a minha iniciação no rock. Legião Urbana e Raul Seixas foram as portas de entrada. Neste mesmo ano, 1995, comprei meus primeiros Lps; Planet Hemp, Raimundos, Pearl Jam e Nirvana, o típico rock and roll de ouvinte da rádio cidade.
Depois, aos 15 anos, descobri o Trash Metal, Punk aos 16, Folk aos 17, aos 19 formei uma banda com os amigos Rafael Elfe e Odilon Soares que durou apenas seis meses (a minha falta de ritmo pra tocar bateria foi uma das razões pra curta vida da banda) . E daí pra frente o moleque que durante a infância não se interessava por música se tornou um aficionado, consumidor compulsivo, que baixa mais músicas do que pode ouvir,  que gastou durante muito tempo o dinheiro que tinha e o que não tinha comprando discos, e até hoje não consegue passar por um vendedor de vinis sem parar pra dar uma olhada.

Também não lembro qual foi o último dia que passei sem ouvir música.

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9.5.13

Cooper noturno


Em certas alturas
a locura
é a cura.

Em certos momentos
o alento
é lento.

09 de maio de 2013.

5.4.13

Fernando Rodrigues e seu "Manifesto"


Recentemente numa ida ao Centro do Rio encontrei com o Fernando Rodrigues divulgando seus livretos no bom e velho esquema faça-você-mesmo dos poetas de calçada. Fernando tem vinte e poucos anos é morador da Ilha do Governador e recentemente ingressou no curso de Filosofia do IFCS.
O poema a seguir foi retirado do livreto “Manifesto” e faz parte do livro de mesmo nome previsto pra ser lançado em breve.
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A cidade e seus contrastes na visão do poeta.
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“Manifesto”

Digestão escarrada dos séculos passados;
a realidade carioca, reflexo onírico dos
desejos feridos propagados em ecos de alcance
inestimável.

A maquinaria sinfônica dos sentidos desregrados,
enganados, descarnados, transcende ares
vezes tropical, vezes mórbidos, vezes os dois.

A cidade, esse monstro de energia que mastiga,
canta, olha, julga, deseja, rouba, mata, urra,
massacra, não para,
no movimento dos carros, olhos dos viciados,
gracejo dos privilegiados,
necessidade dos marginalizados;

é a poesia síntese não escrita de eras cíclicas
de membros mutáveis e estrutura estática,
correntes de toda humanidade não definida,
canalizada pra alguns pontos, como rios nos mares,

o Rio de Janeiro é um desses mares,
realidade confusa, duvidosa, com diferentes
perspectivas que se cruzam, se aproximam,
entrelaçam ao inconsciente, no irreal.

Os mendigos se revirando,
carros engarrafados buzinando,
as multidões ejaculadas dos prédios no
horário de pico,

os pirados berrando se borrando e comendo
em marmitas de alumínio doadas,
o exército de salvadores recolhendo almas
e as vertendo em cédulas sempre mais altas,

o voto comprado,
a cerveja gelada,
a cachaça barata,
as putas moribundas,

os reacionários esclarecidos
como vacas lobotomizadas,
os revolucionários com o grito estéril,
os que se acham mais sóbrios que os dois e
falam que mudanças são ferrugens intelectuais,

os traficantes transformados em ídolos
nas favelas
e pelos circos de playboys que desejam um dia
ser com os jogadores de futebol,

a Av. Presidente Vargas fervilhando e
a Uruguaiana em polvorosa,
fome,
engavetamento nos túneis,

a Zona Norte extensa, esquecida, movimentada,
parada, suburbana,
Baía de Guanabara sufocada com marés de lixo
a Zona Sul pros gringos, com suas pompas,
arrastões, edifícios caros amontoados, praias cheias
torrando banhistas aos sol,
uma Zona Oeste ignorada,
mas com uma Barra e Recreio novaiorquisados,

ritmo incessante dia e noite
do monstro de energia gerador de êxtase, euforia,
massificação, ilusão: transfiguração da
realidade irreal individual ou não.

Essa poesia não escrita, mas vivida, não acadêmica,
toma forma no campo da arte da mesma maneira
que no dia a dia:
digerindo e vomitando tudo de uma só vez;
um parto convulsivo e doloroso dessa existência
nervosa e desordenada do Rio.

Assim essa poesia pode agora ser parida
sobre o papel e encontrar seu espaço,
mesmo que seja no esquecimento
e no seu aborto enquanto literatura.

Fernando Rodrigues, Março de 2013.

16.3.13

Fricção # 03

























Zine Fricção ed. 03
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Texto de João do Rio & ilustrações de Iuri Casaes

7.3.13

Ana Torrie

Alguns trabalhos da amiga e grande artista portuguesa Ana Torrie.
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 Ana Torrie, nasceu em 1982, no seio de uma família falida de descendência aristocrática escocesa. Foi educada em regime privado pelo avô materno (homem de inúmeros ofícios, que ganhou a vida como sapateiro, técnico farmacêutico e ilustrador de postais de boas festas). Descobre muito cedo a sua paixão pela literatura macabra, tendo escrito e desenhado, ainda com 11 anos de idade, o seu primeiro conto ilustrado: “As Lágrimas Verdadeiras de um Crocodilo Destroçado”.
No dia 5 de Dezembro de 1999, pelas 7 da manhã, assiste ao nascimento de uma ninhada de gatos e emociona-se. Apaixonada pela obra de Piranesi, dedica dois anos da sua vida ao estudo da representação do céu na gravura europeia dos sécs. XVIII e XIX.
Nos dias de hoje, constrangida por grandes dificuldades financeiras, divide-se por trabalhos da mais variada espécie: retocadora de fotografias antigas de famílias aristocratas do Porto; tratadora de cavalos e vigilante de florestas.

Texto retirado do site da artista.